O ser humano é uma surpresa e o mundo também não pára (sim Acordo
Ortográfico, continuo a escrever "pára" com acento!!!) de nos surpreender:
Depois de em outubro de 2013 a Câmara Municipal de Madrid ter anunciado que
os músicos de rua eram obrigados a fazer uma prova que lhes permitisse
tocar nas ruas da capital espanhola;
Depois de em novembro de 2013 as crianças da localidade espanhola de Picón,
Ciudad Real, terem sido obrigadas a pedir autorização à Câmara Municipal para poder brincar na rua (andar de bicicleta, andar de patins, jogar à
bola com os vizinhos passa a poder dar multa);
Depois de na semana passada, uma escola cabo-verdiana de São Vicente ter
proibido aos alunos o uso de mini-saias e calças de fundo baixo;
Depois de na semana passada se ter ficado a saber que uma das práticas de
guerra na República Centro-Africana é o canibalismo;
Depois de no final da semana passada a cidade italiana de Nápoles ter
anunciado que quer identificar as fezes de cão nas ruas para multar os seus donos;
Há um assunto importante que quero destacar (não quero dizer que os outros
não sejam importantes, mas alerto para este pela dimensão que está a tomar
e pela repetição deste fenómeno tão próximo do Mundial de futebol do
Brasil).
No sábado passado, os jovens da periferia de São Paulo (jovens pobres,
entenda-se) marcaram mais um “rolezinho” e voltou a haver confusão com a
polícia. Para quem nunca ouviu falar, um “rolezinho” é um encontro que
jovens suburbanos marcam através das redes sociais em centros comerciais.
Eles encontram-se para falar, ouvir música, arranjar namorado/a, passear no centro comercial.
Qual é o problema disto? Chegam a juntar-se centenas ou milhares de jovens
em centros comerciais onde a classe média estava habituada a reinar e a
fazer tranquilamente as suas compras (como aconteceu antes do Natal).
Volto a perguntar qual é o problema disto? A polícia intervém e usa gás e
balas de borracha, como aconteceu no sábado. Os lojistas fecham as lojas
com medo de saques. O centro comercial acaba por fechar a meio da tarde.
A justiça até tinha determinado multas para quem participasse neste
encontro, após os furtos que se verificaram em dezembro. Mas isso não
impediu os jovens de se encontrarem. E, apesar do músculo demonstrado pela
polícia, não há registo de furtos nem feridos e o centro comercial reabriu
ao final da tarde.
Houve mesmo queixas de outros jovens que não faziam
parte deste “rolezinho” mas que estavam no centro comercial por acaso e dizem ter sido agredidos pela polícia.
Resumindo, o objetivo dos “rolezinhos” é o convívio, mas as autoridades
parecem estar a recear a dimensão que estão a ganhar, porque o Mundial de
futebol está quase à porta.
Não se percebe é se esta situação ganha os contornos que tem porque a polícia a isso incentiva com a sua atuação, ou se são os contornos que a situação tem ganhado que leva a polícia a atuar. Ou então percebe-se: as autoridades brasileiras é que estão com dificuldades em lidar com os “rolezinhos”…
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terça-feira, 14 de janeiro de 2014
quarta-feira, 8 de janeiro de 2014
Aí está o hit do verão 2014
Não há palavras suficientemente boas para
adjetivar este videoclipe. Está lá tudo: letra bonita (e voz ainda melhor),
música contagiante, coreografia desenvolvida pelo grupo de dança rítmica lá do
bairro (e ainda assim as moças conseguem estar descoordenadas), encenação pouco
natural, filmagens de categoria, vestidos comprados nos saldos da Berska e mamas.
Obrigada, Bernardina, não era preciso teres-te incomodado tanto. Agora vai lá fechar-te numa casa mais um bocadinho, a ver se isso passa.
sexta-feira, 3 de janeiro de 2014
Pricasso, o pénis pintor
Era uma vez um artista frustrado, que sonhou ser pintor mas não
conseguiu criar mais do que umas pecinhas em cerâmica. Ganhava assim a vida,
até que um dia entrou numa casa de banho pública e teve uma epifania: desenhou
um smile num urinol e percebeu que tinha um pénis cheio de talento. Chegou a
casa e repetiu a brincadeira, desta vez usando tinta. Contou a proeza a um
amigo e, na passagem de ano seguinte (deviam ter bebido pouco, deviam –
acrescento eu) esse mesmo amigo desafiou-o a fazer o seu retrato numa tela, usando
apenas o pénis como pincel. E foi então que o artista deixou de ser frustrado.
Segundo a Wikipedia (e ai de quem ponha em causa a
verdade da Wikipedia), foi mais ou menos isto que aconteceu ao senhor Tim
Patch, agora conhecido pelo nome artístico de Pricasso.
Se foi ou não assim que tudo começou, pouco interessa. Certo é que o senhor Tim
é mesmo um Picasso em versão web 2.0: faz retratos lindos e fiéis de quem o
rodeia mas, ao contrário do Picasso original, não utiliza pincéis – “trabalha”
apenas com o seu pénis. Aliás, mentira, que eu vi uns vídeos em que ele recorre
também ao rabo para ajeitar a tela.
Muita
coisa se podia escrever sobre pincéis, trinchas e Pricassos, mas eu não vou cair
na piada fácil. Este homem é um artista e um dia, se houver justiça, ainda
vai ter o seu trabalho exposto num museu, lado a lado com o do Picasso
original. Repare-se que ele segue as pisadas do mestre:
Pinta
senhoras desnudas, ao estilo "Les demoiselles D'Avigon"
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Já se eternizou através de um autorretrato
E – vamos lá ser as coisas como elas são – tem um sentido estético-artístico
muito mais apurado do que o Picasso original.
Deixo-vos com o artista em ação, numa tela de cariz político
– porque este homem não é só brejeirice. Se quiserem ver mais (e tiverem mais
de 18 anos, que este site contém nudez explicita), passem no estaminé dele, em www.pricasso.com. Ou, se forem homenzinhos
o suficiente, proponham-lhe amizade no facebook (https://www.facebook.com/pricasso).
Com sorte ainda conseguem uma borla. Ah, o orgulho que era ter um quadro destes
na sala de estar!
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