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sexta-feira, 27 de junho de 2014

Lista canina do Mundial




O site Life on White fez uma lista com os cães de algumas das nacionalidades das equipas presentes no Mundial de Futebol de 2014. O Queijo Trivial replica aqui quatro desses cães. Acrescenta o representante Uruguai* (não presente nas escolhas do Life on White) e discorda do cão de água português como a figura canina representativa do País. Só mesmo para a família Obama. Em Portugal, a referência é outra.

*Trata-se de uma referência humorística, que não pretende ofender o grande jogador que é Luis Suárez

quinta-feira, 19 de junho de 2014

Descanse, Portugal fica em 3ºlugar no Campeonato do Mundo


Não foi preciso um polvo em Oberhausen, nem recorrer às previsões das casas de apostas. Aqui está o mundial favorito de Wolfgang Schäuble e Angela Merkel: o das dívidas soberanas. O Queijo Trivial fez a projeção de como seriam os resultados do Campeonato do Mundo tendo em conta a dívida pública de cada um dos países em competição (foi contabilizada a dívida em percentagem do PIB, tendo sido utilizados os dados referentes a 2013, de acordo com o "The World Factbook" da CIA).

Os resultados são verdadeiramente animadores para Portugal. A seleção das quinas (com 127,8% de dívida pública em percentagem do PIB) ganha o grupo, vence a Coreia nos oitavos, a França nos quartos e só cai nas "meias" frente ao todo poderoso do endividamento: o Japão. No entanto, Portugal consegue vencer facilmente o jogo de apuramento do terceiro e quarto classificado à Alemanha, que só chega tão longe porque tem a sorte de não enfrentar Espanha, Itália e Grécia, que, por sua vez, chega à final contra o Japão com relativa facilidade.

Resumindo, tendo em conta a dívida pública: o Japão é campeão do Mundo, a Grécia chega à final e Portugal fica em terceiro lugar. Este é o campeonato favorito do FMI e do Ecofin e, aqui, Portugal até não se safa nada mal.

A Bósnia vence o grupo à Argentina de Lionel Messi por uma décima, mas perde nos quartos-de-final com os germânicos (que superam a fase de grupos também de forma suada com 8 pontos percentuais sobre os EUA). A Itália, que partia como 4ª classificada no ranking da dívida das seleções da "Copa" fica pelos oitavos, pois não supera a tarefa hercúlea de superar a Grécia.

sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

10 provas do Ecletismo artístico do Sporting

Da Literatura ao Cinema, passando pela escultura ou o Teatro, são várias as referências culturais ao Sporting. De fora ficaram, naturalmente, as músicas da Juve Leo e das restantes claques, a marcha da Maria José Valério ou o "Cantinho do Morais" da Margarida Amaral. Não que eu as ache menos bonitas que estas obras artísticas, mas porque a ideia era identificar referências culturais que não fossem diretamente dirigidas ao clube, como são os hinos ou os cânticos de claque.

Escolhi dez exemplos que mostram que, até enquanto referência cultural, o Sporting é eclético. É fonte de inspiração de rappers, é História do Cinema,  é ornamento literário de autores premiados (Nobel incluído), tema de cronistas e filósofos. Enfim, o Sporting é tudo. Podem dizer que o Benfica também tem o Movimento Perpétuo Associativo, dos Deolinda, o Zorro, do Represas, o poema do Manuel Alegre sobre o Eusébio ou o telefilme da SIC "Lampião da Estrela". Mas com este ecletismo que vos apresento, só mesmo o Sporting. O Lobo Antunes (benfiquista, tal como Saramago) pode ter uma frase no Museu Cosme Damião e a Joana Vasconcelos fazer esculturas e afins para o museu BMG FC Porto, mas se a Arte fosse uma modalidade desportiva - como em mais de 90% das restantes - o Sporting seria o maior. E o melhor.



1. Em “O Teu Rosto será o último
de João Ricardo Pedro:


Num excerto do romance que ganhou o prémio Leya em 2011, pode ler-se:

“O mais certo seria Duarte responder que não tinha um grande sonho, mas dois: o Sporting ganhar a taça dos campeões europeus, e o Índio ser reconhecido, um dia, como o maior artista do seu tempo”






2. Em “O Leão da Estrela”, filme de Artur Duarte de 1947

O protagonista Anastácio (António Silva) é um fanático adepto do Sporting.
Uma das cenas marcantes do filme é o festejo de um golo do Sporting, num jogo contra o Futebol Clube do Porto:



3. Em “A Noite”, peça de teatro da autoria de José Saramago


Pinto, o redactor desportivo, comenta:

- O Sporting ontem lá ganhou, hã? Quatro secos à Académica!





 4. Em "Os sítios sem resposta", romance de Joel Neto

São várias as referências ao Sporting ao longo do livro, uma vez que trata-se de um adepto do Sporting que muda de clube, passando a ser do Carnide.


“- Que se lixe. Um homem muda de mulher, muda de partido, muda de religião, muda de tudo aquilo que quiser, até de sexo, mas de clube é que não muda nunca. Portanto, viva o Sporting!





5. No "Madagáscar 2", versão portuguesa















O leão Alex (na voz de Pedro Laginha) vira-se para os pequenos leões e diz:

“Vamos lá meus sportinguistazinhos!”


6. Em A Pré-História da Minha Ida ao Futebol, crónica de Eduardo Prado Coelho


"Nunca escondi essa característica da minha personalidade que é ter nascido sportinguista. Para falar verdade, não sei o que isto significa ao certo. Não consigo descobrir se se trata de um imperativo do destino, se de uma decisão racional (mas que racionalidade poderá existir aqui?). Sei apenas que sofro absurdamente quando o Sporting está a perder e que partilho a alegria de todas as vitórias, mesmo que seja sobre um clube da III Divisão: ganharam 4 a zero? São os melhores." 


7. Em "Baza Correr com o Paulo Bento", do rapper Valete

“Eu sou sportinguista de compromisso tácito
Coração verde e branco às riscas como um fanático
Vi o Sporting com mística, vi o Sporting apático
Chorei fracassos e conquistas desde Jordão a Sá Pinto





8. Em A Festa do Avante, crónica de Miguel Esteves Cardoso

"Espero que não se ofendam os sportinguistas e comunistas quando eu disser que estar na Festa do Avante! Foi como assistir à festa de rua quando o Sporting ganhou o campeonato. Até aí eu tinha a ideia, como sábio benfiquista, que os sportinguistas eram uma minúscula agremiação de queques em que um dos requisitos fundamentais era não gostar muito de futebol.

Quando vi as multidões de sportinguistas a festejar – de todas as classes, cores e qualidades de camisolas -, fiquei tão espantado que ainda levei uns minutos a ficar profundamente deprimido."



9. Em "Considerações” do ensaísta e filósofo Agostinho da Silva

Para o que ama o Sporting e a Verdade não há descanso nem termo, porque o/a vê no próprio caminhar, o surpreende no esforço contínuo da marcha; o Sporting e a Verdade não são um desejo de chegar, mas o anseio de superar.
Não me importa o resultado, mas o método.”

10. Em Estátua do Marquês de Pombal, de Francisco dos Santos

Francisco dos Santos, autor da estátua do Marquês de Pombal, foi jogador e dirigente do Sporting. António Couto, um dos projetistas da estátua do Marquês, terá confessado que o facto de ambos serem sportinguistas pesou na escolha de um leão como figura de adorno de Sebastião José de Carvalho e Melo. Não deixa de ser estranho que o Benfica queira ali festejar o título.


quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

Cristiano Ronaldo & David (de Miguel Ângelo): a partir pedra até à perfeição


Quando quer falar de jogadores de futebol, Manuel Alegre faz obras de arte: belos poemas (que, à força da rima, fazem dele a pessoa que mais usa a palavra teorema, desde Pitágoras). Nós, aqui no Queijo Trivial, somos mais humildes: apenas comparamos jogadores a obras de arte. E, na minha crónica inaugural neste espaço, falo da figura que promete marcar o ano: o David de Miguel Ângelo, ou seja, Cristiano Ronaldo.
Vaidoso, CR7 não enjeitaria uma homenagem sob a forma de estátua de uma figura anatómica perfeita, de 5,17 metros de altura (embora talvez aproveitasse para tapar-lhe as miudezas e assim promover a sua linha de roupa interior).
 Porém, a comparação é com o essencial - vai além da vaidade. A obra de Miguel Ângelo é um imenso trabalho de aperfeiçoamento - um bloco de pedra trabalhado ao longo três anos - como o futebolista madeirense o é, dentro e fora de campo, de tomahaws aprimorados, biceps tonificados e imagem socialmente polida. Da pedra talhada por Alex Ferguson e Jorge Mendes, um adolescente rebelde mal nascido na Madeira, já nada resta. É um trabalho de génio, rigor e pormenor, perante o qual o mundo abre a boca de espanto.
Depois, há o contexto e o significado. A estátua mostra David na expectativa, antes de confrontar Golías, o desafio que todos julgavam impossível de superar (não será diferente do que, em 2014, se acha da hipótese de Ronaldo levar Portugal ao título mundial de futebol). E, da mesma maneira que o David de Miguel Ângelo se tornou o maior símbolo da república de Florença, no Renascimento, também Ronaldo é o maior ícone de um país cada vez mais carente de heróis.
É preciso continuar? Da perfeição teórica e aspiração à imortalidade de Cristiano Ronaldo, está dito o essencial. Quanto ao melhor jogador do mundo (sim, Messi), a comparação fica para outra ocasião.

Adeus Eusébio.

O Eusébio deixou de jogar no ano em que eu nasci. Terminou a carreira do lado de lá do Atlântico, nos Buffalo Stallions, uma equipa de futebol indoor, na época de 1979/80. Por isso, nunca vi o Rei a marcar, sem ser nas imagens de televisão que me parecem estranhamente aceleradas quando ele arranca detrás dos defesas. Mas não faz mal, foi sempre através dos olhos do meu pai que vi o Eusébio. O olhar do miúdo de 10 anos que ia a pé de Campolide ao antigo Estádio da Luz para ver o Benfica jogar. A surpresa do miúdo de 13 anos que numa noite de maio foi ver o jogo de apresentação de outro pouco mais velho que ele e descobriu o melhor jogador do mundo. A atenção do miúdo que ouvia os relatos quando o Benfica jogava fora, mas que não perdeu mais de dois ou três jogos do Eusébio em casa. O orgulho do miúdo de 18 anos que viu o Pantera Negra levar a seleção de um país que se desfazia ao terceiro lugar do Mundial. Descobri o Eusébio quando descobri que o meu pai também tinha sido miúdo e que não tinha sido sempre o pai que me punhas às cavalitas e me levava aos jogos apesar de eu me queixar de não haver repetições e de os amigos de vez em quando dizerem uns palavrões, perseguidos sempre por um "olha a miúda". Por isso, depois de ver os vídeos do Rei espalhados pela internet, ou em vez de ver os vídeos, vou pedir ao meu pai que conte aquela vez que demos cinco ao Real Madrid do Puskas e estava tanta gente que tiveram de construir uma bancada que deixou os cangondeiros agarrados e o Eusébio marcou dois golos.

Adeus Eusébio.

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Xabi: o único que sabe quem é o Lichtenstein


Xabi Alonso já jogou quatro vezes contra o Liechtenstein, mas nunca marcou, apesar da sua seleção ("La Roja") ter totalizado 16 golos nessas partidas. Até o seu homónimo (se excluirmos o sotaque de Viseu) Xavi molhou a sopa, mas o jogador do Real Madrid nunca marcou à equipa do principado. Não se sabe se Xabi terá um gosto especial pelo Liechtenstein (o principado) mas se fosse um artista plástico não haveria dúvidas de que seria o Roy, nome grande da PopArt.

Vamos à argumentação. Xabi é um jogador diferente, talvez o único hipster do futebol (sim amigos, podem pôr  fotos no Instragram e usar óculos de massa, mas enquanto dançarem Telô no balneário, esqueçam). A GQ brasileira mostrou recentemente que as séries de TV favoritas de Xabi são Homeland, Mad Men, The Wire e Dexter (Hispster alert: elevado). Já os gostos musicais, rebentam a “hipster scale”: o médio espanhol é fã de The Black Keys, Smiths, Tom Petty e Josh Rous.

Está bem que a “Cara de Barcelona”, escultura de Lichtenstein, não abona na colagem ao madridista Xabi, mas, para compensar, Xabi é – de longe – o jogador do Real Madrid com o estilo mais catalão.Além disso, Xabi Alonso é uma espécie de herói de banda desenhada, que Lichtenstein tanto destacou nas suas obras. Em 2005, quando ganhou com as cores do Liverpool a final da Champions contra o AC Milan,  em Istambul, teve até direito a ser protagonista de uma história aos quadradinhos, intitulada de “As mágicas aventuras de Stevie  [Gerard] e Xabi em Istambul”.

Dirão que os hipsters também gostam de Warhol. É verdade. Mas Warhol era louco (não se está a ver Xabi Alonso a ser ousado dentro das quatro linhas, como quando Andy, por exemplo, dirigiu um filme intitulado de Blow Job). O filme é mudo (o que face ao título não deixa de ser interessante). Mas Mourinho diz que Xabi é um excelente comunicador, logo também não encaixa.

Xabi Alonso é um pai de família, dedicado, tal como Lichtenstein, cujo o primeiro quadro que pintou foi do Rato Mickey que fez para... oferecer aos filhos. Por tudo isto e – por ser dos poucos jogadores de futebol que apreciaria um “Quadro Linhas”– Xabi foi o escolhido para estrear esta rubrica.