O Pimba está na moda. Na verdade, sempre esteve. Basta recuar 15 anos para nos lembrarmos dos expositores giratórios com cassetes nos restaurantes, seguros por pequenos cadeados e onde reinava a música popular. E os bigodes fartos.
Desde então o Pimba nunca desapareceu das vidas dos portugueses. Há um denominador comum nos artistas mais contratados para festas fora dos grandes centros urbanos, nos tops nacionais de música, nas atuações em programas de televisão e, vá, nas rádios locais: a "música pimba" – nome dado pelo Emanuel, que agora é mais Kizomba.
As elites nunca foram conquistadas, mas isso acabou. Na despedida de Lisboa do espectáculo “Deixem o Pimba em Paz” (no dia 19 de novembro) brotaram os intelectuais, os pseudos e equiparados. Falemos então do espectáculo musical de Bruno Nogueira e Manuela Azevedo no Tivoli BBVA (naming mais-que-Pimba). O conceito pensado pelo Bruno é basicamente dar novas roupagens (jazz e pop) a músicas pimba já existentes, o que – tendo em conta o toque de midas de Bruno e a voz de Manela – tinha tudo para dar certo.
O espetáculo arrancou mal, apesar do pequeno número de stand-up de Bruno Nogueira. Evitando aqui spoilers, diria que as primeiras músicas do show assemelhavam-se a ver um espanhol a cantar fado no filme do Saura, misturado com qualquer coisa desconexa parecida com Kusturica e a No Smoking Orchestra. Às primeiras três músicas o que me ocorreu foi: "Epá, já vi o Quimbé e o Rubim fazerem melhor que isto". Passo a explicar: o Pimba também está na moda na malta da “noite” (É vdd ixto, meus putos. Lolaaada. XD).
Duas semanas antes tinha tido a oportunidade de vislumbrar uma festa “Pimba Chic” numa discoteca main stream. O Quimbé (eterno apresentador da Sombra da Bananeira, que também se chama Nuno Eiró – sim, eu acredito que eles são a mesma pessoa) e o Rubim (namorado da Mónica Sofia, a primeira mulher a despir-se para a Playboy portuguesa) auto-intitulavam-se os P*ta da Loucura e faziam um espectáculo de DJ e VJ (isto existe?), além de pequenos aprontos teatrais com cabeleiras, simulações de episódios da Guerra das Estrelas e davam...novas roupagens às músicas pimba (e às músicas comerciais). Está bem que a cerveja ajuda, mas aquilo até nem foi nada mau. Ou, pelo menos, bem melhor que as três primeiras músicas do espectáculo do Bruno e da Manuela.
Já estava eu a pensar no porquê de não estar a ver o Ronaldo a marcar três aos suecos e a lixar as vendas à Pepsi, quando o Bruno e a Manuela dão genialmente a volta ao texto (ou à pauta). As interpretações das músicas foram ganhando sentido (musical e estético) e tornou-se num espectáculo bastante agradável. Valeu o bilhete. Interpretações de músicas de Graciano Saga, Marco Paulo, Quim Barreiros ou Leonel Nunes (que o Bruno confidenciou não conhecer antes desta experiência, o que é lamentável) mostraram todo o nível do Bruno, enquanto "cantactor", e de Manuela Azevedo, enquanto cantora.
Dizia-me uma amiga à saída do espectáculo que nunca esperou ver Manuela Azevedo a cantar “Bonito, bonito, é ver os tomates a bater no pito”. Eu respondi: “Bem, o H2Homem também não tem uma letra brilhante”. A voz de Manuela é brutal, o que se evidenciou quando cantou num estilo jazz, a solo, o “Não És Homem Para Mim” da Romana – número já feito vezes sem conta pela Luísa Sobral.
Houve ainda bombons no espectáculo como um pequeno número do Markl, bem geek como só ele sabe, e uma música cantada pelo Marante. Por tudo isto, o Bruno e a Manuela conseguiram bater o Quimbé e o Rubim.
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