sábado, 23 de novembro de 2013

Os Jogos das noites de verão



Na minha infância, verão não era apenas sinónimo de dias sem aulas, brincadeiras na rua e praia. Era também sinónimo de Jogos Sem Fronteiras (JSF). Um programa de televisão verdadeiramente incontornável para a minha geração (nascida a meio da década de 80) e que hoje muitos pedem que regresse. É claro que falar de JSF é também falar de Eládio Clímaco (ainda hoje não sei bem quem fez o sucesso de quem).

Lá em casa era assim: mal o genérico arrancava com a música da Eurovisão e os bonequinhos coloridos começavam a dançar rumo à coroa de guizos, corríamos os quatro para o sofá e cada um escolhia o seu País. E ninguém podia escolher Portugal. Invariavelmente escolhia San Marino, e mais tarde Malta - não sei se pelo nome, que para uma criança de nove anos era exótico, se pela minha tendência de apoiar os pequeninos. Escusado será dizer que nessas cinco edições nunca me sagrei campeã. Mais sorte tinha o meu pai que escolhia sempre as nações mais fortes (França, Itália, Espanha) e volta e meia era o vencedor dos nossos JSF caseiros.

Além da animação das provas dentro de água ou em fatos estranhos, os JSF remontam a uma era em que a magia da televisão unia famílias inteiras em frente ao ecrã. Mas não numa lógica de alienação em que cada um fica calado a ver passar as imagens. Eram noites em que se apoiava uma equipa e se lutava por ela contra os outros elementos da família. Uns jogos que decorriam em paralelo com as escaladas a paredes que escorriam água ou corridas vestidos de cavalo ou leão.

E agora o que dizer dos apresentadores: Eládio Clímaco e Ana do Carmo (para citar apenas uma das duplas) que se vestiam a rigor para cada edição. Ora combinando a cor da camisa e do vestido, ora incorporando todo o espírito da emissão, como quando em 1992 se vestiram a rigor para uma emissão na Torre de Belém dedicada aos descobrimentos.

O regresso dos Jogos já esteve prometido (em 2007 e 2008), mas até isto a crise estragou. Não há dinheiro, não há convívio, nem saudável competição entre os países europeus que agora competem por outras coisas que não um simbólico troféu oferecido pela cidade que acolhia cada edição.
É a Europa que temos.

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