Brega? Sim, chamem-me brega se quiserem, mas eu sei de cor as letras de “Tudo passará” ou “Domingo à tarde”, imortalizadas por Nelson Ned. O cantor brasileiro morreu no domingo e o seu corpo de 1,12 metros foi cremado em São Paulo.
Não vou falar aqui sobre as causas da morte, sobre o acidente vascular cerebral que o tinha numa cadeira de rodas desde 2003, ou sobre a vida em que esbanjou a fortuna que tinha acumulado. Misturou “muita cocaína, muito champanhe, muita mulherada”, conforme o próprio admitiu, numa entrevista à TV Record em 2011. Também não vou falar sobre a conversão à Igreja Evangélica em 1990, que o levou a dedicar-se à música cristã.
Vou aqui falar, sim, de um jovem que nasceu na pequena localidade de Ubá e não descansou até chegar ao Rio de Janeiro. Com 17 anos, foi trabalhar para a linha de montagem de uma fábrica de chocolate. Mas o que gostava era de cantar. E cantou. Cantou em clubes do Rio e São Paulo, gravou uma música em 1960, mas só em 69 viria a ter sucesso com a intemporal “Tudo passará”, um marco incontornável da música considerada brega – talvez um equivalente ao termo “pimba”.
“Quando a cantei num programa fui aplaudido de pé no meio da música. Isso é ser brega? Quem não é brega quando fala de amor? É o amor que é brega, não a minha música”, disse Nelson Ned em entrevista à Globo há dois anos.
Já eu não me importo de ser chamada de brega, porque não tenho a culpa de ter a facilidade de decorar letras de músicas. E de ter passado a infância a ouvir música e rádio. Foi assim que decorei também todas as letras das músicas de Roberto Carlos até essa altura.
Por esta altura já devem estar a pensar que cresci no Brasil, mas não é verdade. Nasci e cresci em Portugal. Foi a ouvir rádio e as cassetes da minha mãe durante a infância, nos anos 1980, que aprendi as letras de outros tipos de músicas. O meu ouvido nunca foi mau de boca - sempre comeu, ou ouviu, como quiserem, o que lhe apareceu. Brega, pop, rock, jazz, soul, hip hop, fado, bossa nova, etc. Mas isso agora não vem ao caso e já me estou a afastar do assunto de hoje...
O que interessa agora é que o cantor romântico apaixonado pela música calou-se aos 66 anos. Ficam apenas as gravações para consolar as almas mais incuráveis dos tempos dos Sugos&Paninis e de todos os tempos.
Revejo-me nesta palavras, desde a primeira palavra até à última, sem tirar nem pôr.
ResponderEliminarHá alguém que me compreende :)
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